domingo, 4 de maio de 2008

O que é acompanhar uma aventura


Fui convidada pelo Mahoe a acompanhar a Jornada Centenária, exatamente há 2 meses da partida. Em 27 de fevereiro o curso do meu destino mudou pois aceitei acompanhá-lo como membro do suporte por terra. Nessa época Mahoe contava comigo e com um amigo japonês, o Takahashi. Iríamos fazer o trecho japonês em 3 pessoas e, o restante das dezenas de países, com outros companheiros. Mas, com o Captain Takano integrando a equipe houve mudanças nas rotas e na equipe. A Jornada Centenária passou a ser um projeto seguro, dividido em etapas e, nessa primeira, ficou combinado de fazer o Japão e o Brasil, os dois países que têm tudo a ver com o Centenário da Imigração. Mahoe me surpreendeu com a capacidade de aceitar as mudanças rapidamente. Eu também acompanhei tudo.
Os dias foram se aproximando e eu estava também empacotando minha mudança para o Brasil, simultâneamente.
Com o tempo, durante as conversas com o Captain Takano, através de reuniões pelo Skype, captei rapidamente o perfil dele. O Mahoe, mais transparente, mais exposto, foi mais fácil compreendê-lo.
Além de nós três, não tinha a menor idéia de quem era quem na equipe. Alguns deles, só conheci na véspera da largada. É claro, achei todos simpáticos, a primeira vista. O que me tranquilizou muito é que a enfermeira da equipe, Anzai, é uma pessoa muito doce. Mas estava preocupada com a equipe mista - brasileiros e japoneses, com culturas diferentes.
E, como pensava, houve divergências de opinião entre brasileiros e japoneses, nada que não pudesse ser contornado. Não chegou a ser um problema, mas me sentia o recheio do sanduíche, como sempre digo. Uma fatia de pão japonesa, recheio e outra fatia de pão brasileira. Aí ficava no meio das diferenças culturais... Confesso que não gosto dessa situação.
A maior preocupação está sempre na segurança de quem está realizando a aventura. Nesse caso, Mahoe e Takano. Graças a tecnologia, essa preocupação foi reduzida com os aparelhos de rádio amador, telefone celular com alcance em alto-mar e um mapa de navegação com GPS. Fantástico!
Outro fator de relevante importância foi a motivação dos dois. Sempre sorrindo, sempre prá cima, mesmo com todas as dores no corpo e com o cansaço natural, eles não deixavam transparecer nada nem faziam desabafos inoportunos. E eu, mesmo sabendo que Mahoe estava cansado no segundo dia, jamais faria um comentário para tocar nesse assunto. Acredito que isso dá brecha pro baixo astral. E isso era algo que quis evitar.
O que motiva a acompanhar uma aventura como essa é a performance dos participantes. Eles mostram espetáculos para nós da terra, do apoio. Aí eu ficava animada e curtia a aventura junto, sempre anotando tudo o que fosse possível.
Além de fotografar e escrever, eu fazia o que podia, com prazer.
Isso mesmo: prazer. É um ingrediente importantíssimo para uma aventura que não é sua - é de um amigo, de dois amigos.
No trabalho em equipe, confesso, não tive problemas, a não ser quando vieram me dizer que, de novo, o hotel não tinha conexão para internet. Quase tive um ataque de nervos!!!!!! Aghrrrr
Na minha cabeça é quase que inadmissível não ter ambiente de internet num país como o Japão, onde a banda larga é popular. Pois é, e encontrei lugar que não tem....
Fiquei irada.
Como tenho um blog chamado "na cola do mahoe", ficava com isso me martelando a cabeça. "Como vou fazer a atualização do blog?", era só que me vinha a cabeça. "Não posso deixar os leitores na mão", assim pensava o tempo todo.
Trabalhar e interagir com uns japoneses cabeça como Takeya e Iwamori foi muitíssimo bom. Eles são homens do mar, desencanados mas focados na responsabilidade das atribuições, autênticos, com a auto-estima bem resolvida e, por isso mesmo, lindos! Fiquei apaixonada por esses dois!!!! Conviver quatro dias com eles resultou numa grande lição de companheirismo e liderança, pois Takeya era o líder do grupo. Esse homem tem uma vivência tão rica que adquiriu uma compreensão humana tão grandiosa! Para realizar um trabalho em equipe é preciso compreender e aceitar cada um da equipe, pois isso também é recíproco. E, no meu caso, em particular, preciso respeitar o líder, preciso confiar nele. Foi o que aconteceu em relação ao líder da equipe. Ainda bem!
Tirando o meu mau-humor em relação a internet, acompanhar a aventura foi uma experiência maravilhosa. Só tenho palavras de gratidão ao Mahoe por ter me convidado! Encaro isso como um ensaio para o que vamos vivenciar no Brasil e, quem sabe, nos demais roteiros.
Estou motivada e espero poder continuar assim pois conviver com o Mahoe é light. Sem estresse. Acho que vamos continuar nos dando bem como companheiros de viagem, sim!

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